Após operação, polícia revela novas informações sobre morte de Marielle e Anderson

O delegado da Polícia Federal Guilhermo Catramby disse, em entrevista coletiva no Rio, que a vereadora Marielle foi seguida pelo ex-bombeiro Maxwell Corrêa desde agosto de 2017. Uma operação da PF nesta segunda prendeu o ex-militar em sua casa no Recreio dos Bandeirantes. Em delação premiada, Élcio Queiroz confessou que dirigiu o carro usado no ataque e confirmou que o ex-policial Ronnie Lessa fez os disparos. O delator afirmou ainda que Maxwell fez campanas para descobrir a rotina da parlamentar.

— Élcio detalha algumas coisas em relação ao planejamento, e esses detalhes, e apesar de saber, não tem maiores informações, porque a efetiva participação foi a partir de 14 de março de 2018, e a participação do Suel foi ainda em agosto de 2017.

Além da vigilância de Marielle, o ex-bombeiro Maxwell Corrêa também participa da manutenção do carro, segundo informou o promotor de Justiça e integrante da força-tarefa, Eduardo Morais Martins. No dia seguinte ao crime, ele auxiliou os executores do assassinato a trocar as placas do veículo, a contactar a pessoa que responsável por picotar o veículo e a se livrarem das armas, jogando ao mar.

Houve tentativa frustrada de assassinato

Segundo a GloboNews, Élcio Queiroz disse em delação que houve uma tentativa frustrada de assassinar a vereadora, meses antes do homicídio. Na virada do ano de 2017 para 2018, Élcio estava na casa de Ronnie, na Barra da Tijuca, quando ele lhe contou que estava monitorando uma mulher há alguns meses. E que quando foi executar o que estavam planejando, o carro de Suel, que foi preso hoje, apresentou problemas. Élcio disse na delação que, para Ronnie, teria havido uma espécie de arrependimento na hora.

Na delação de Élcio Queiroz aparece o personagem Edimilson Oliveira da Silva Macalé, apontado como tendo participado do monitoramento dos passos da vereadora Marielle Franco antes do crime. Tanto Ronnie Lessa quanto o ex-bombeiro Maxwell Simões tinham na agenda o contato de Macalé. As investigações identificaram ligações entre Ronnie e Macalé que coincidem com ligações entre Macalé e Maxwell que teria se intensificado nos dias imediatamente após o crime.

O delator informou ainda que Ronnie Lessa teria usado o celular para saber se havia fiscalizações policiais no provável caminho que a vereadora Marielle faria. Elcio Queiroz disse ainda que Ronnie acreditava que Marielle poderia ir para um bar cuja dona teria sido agraciada com uma medalha na Câmara. Um post numa rede social comprova que Marielle possuía realmente relação com a dona do estabelecimento, o que, para os investigadores, corrobora “em tese” a informação de Elcio Queiroz sobre a vigilância que Ronnie Lessa estaria fazendo sobre a vereadora.

Crime cometido em razão das causas defendidas por Marielle

O promotor de Justiça e integrante da força-tarefa Eduardo Morais Martins explica que o crime foi cometido devido às causas defendidas pela vereadora. No dia do crime, a parlamentar deixava a Casa das Pretas, após cumprir uma agenda com uma roda de conversa. Ela estava acompanhada pelo motorista e pela assessora quando sofreram os ataques.

— Desde a denúncia de Ronnie e Élcio, já se coloca na denúncia que o crime foi praticado por conta também das causas defendidas por Marielle. Isso não exclui outras possíveis motivações. Isso está na denúncia e permanece.

Matins afirmou que a delação premiada de Élcio Queiroz foi corroborada por levantamentos feitos pela investigação.

— A novidade que houve foi a colaboração, que não é por acaso. Fruto de trabalho de revisão, melhoramos o arcabouço probatório para que pudesse investir numa linha estratégica de delação. Foi corroborada com levantamento. Não adianta receber informação por si só. Só adianta quando é corroborada. Se mostrou, em vários momentos, completamente de acordo. A versão a presentada foi confirmada de forma bem taxativa — disse o promotor.

Segundo o superintendente da Polícia Federal, Leandro Almada, aponta que as investigações do Ministério Público do Rio identificaram que apenas dois dias antes do crime o ex-PM Ronnie Lessa, preso acusado de ser o executor do crime, fez uma busca pelos CPFs de Marielle Franco e de sua filha, Luyara Santos.

— Na investigação, o Ministério Público identifica que, num site de pesquisas de crédito, (Ronnie Lessa) pesquisa o CPF da Marielle e da filha dela. A partir disso, pesquisa no Google onde fica o endereço que havia lá no cadastro, um endereço que já tinha sido dela. Descobriu-se a forma de pagamento dessa consulta pelo próprio Ronnie. A própria defesa dele diz que ele nunca havia procurado por Marielle Franco. A pesquisa foi feita dois dias antes do crime — diz Leandro Almada, superintendente da Polícia Federal.

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