França tem ataque a trens, evacuação de aeroporto e temor de terrorismo em dia da cerimônia de abertura da Olimpíada

A sexta-feira de abertura dos Jogos Olímpicos de Paris teve um noticiário voltado para outros temas, sem ligação com o esporte, mas com potencial de afetar a vida de quem está na França para o evento. O sistema de trens de alta velocidade do país (TGV) sofreu um “ataque massivo para paralisar a rede” nesta sexta-feira, anunciou a companhia ferroviária SNCF. A estimativa é que 800 mil passageiros estejam sendo atingidos. Um aeroporto precisou ser evacuado, enquanto há um temor de ataques terroristas.

Equipes da empresa de trens foram enviadas para verificar os problemas e resolvê-los, mas a companhia ressalta que a situação pode se prolongar até o fim de semana. O caso é tratado como uma sabotagem, como definido pela ministra dos Esportes, Amélie Oudéa-Castera. Os ataques aconteceram no momento em que Paris se prepara para a cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos, com 7.500 atletas e uma estimativa de 300.000 espectadores.

Durante entrevista coletiva, a ministra disse que essa não é “a primeira, nem a última das dificuldades” que serão enfrentadas durante a realização dos jogos. Oudéa-Castera afirmou ainda que essa ação desta sexta-feira está sabotando aos atletas.

— Este tipo de ação maliciosa e coordenada, cuja intencionalidade precisa ainda não foi estabelecida, sugere, no entanto, que não é trivial. Mas não vamos nos deixar desestabilizar. Havíamos antecipado todos esses cenários há meses. Terroristas, ultradireita, ultraesquerda, cibernéticos: todos os cenários de crise foram pensados — disse a ministra, conforme noticiado pelo francês L’Équipe.

Patrice Vergriete, ministro de Transportes da França, definiu os ataques como “maliciosos”. “Condeno veementemente estas ações criminosas que comprometerão as saídas de férias de muitos franceses”, disse ele através do X.

O jornalista esportivo Baptiste Leduc é um dos passageiros afetados e sairia de Bordeaux rumo a Paris para cobrir a cerimônia de abertura da Olimpíada nesta sexta-feira. Segundo ele contou à AFP, foi preciso avisar aos seus chefes que não poderiam contar com ele. O jeito foi tentar ir de ônibus.

 

O presidente-executivo da linha ferroviária pediu que os passageiros fiquem longe das estações e anunciou que não haverá trens na estação Montparnasse de Paris, uma das mais movimentadas da cidade, com atrasos e cancelamentos de viagens. Todos os passageiros foram informados, por SMS, sobre a situação. Estações ficaram lotadas. Às 14h do horário local (9h em Brasília), o ministro dos Transportes anunciou que o serviço começava a ser retomado.

Nas estações de Montparnasse e de Bordeaux, as mais afetadas, o cálculo é que os passageiros encontrem “um trem em cada três” nesta tarde, conforme apontado pelo ministro.

Aeroporto evacuado e temor de terrorismo

O ataque também afetou os trens Eurostar, de Londres, na Inglaterra, até Bruxelas, na Bélgica. Horas após a “sabotagem” aos trens, o aeroporto de Basel-Mulhouse, a 500 quilômetros de Paris, foi evacuado por “razões de segurança”. Esse é um dos motivos que aumenta o temor de um ataque terrorista no país.

Na vizinha Bélgica, sete pessoas foram presas nesta quinta-feira, suspeitas de preparar um ataque terroristas, conforme noticiado pela VTR News, portal de notícias local.

 

Nesta semana, em Paris, foi preso um homem russo de 40 anos, suspeito de “passar informações de inteligência para uma potência estrangeira para estimular hostilidades na França”, disseram os promotores franceses na ocasião. Segundo o jornal Le Monde, ele é suspeito de trabalhar com o serviço de segurança russo. Nesta sexta-feira, o Kremlin afirmou que a França não lhe informou sobre a detenção de um russo que tentaria “desestabilizar” os Jogos Olímpicos de Paris em nome de Moscou.

— Não temos nenhuma informação. Soubemos pelos meios de comunicação — disse o porta-voz da presidência russa, Dmitri Peskov, conforme noticiado pela AFP.

 

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