A história do futebol brasileiro passa, sem dúvidas, por Mário Jorge Lobo Zagallo, que morreu, nesta sexta-feira, aos 92 anos, como divulgado pela família nas redes sociais. Da construção do Maracanã ao Santo Antônio abençoando as conquistas à beira do campo, foram, pelo menos, seis décadas dedicadas ao esporte.
Zagallo estava aposentado desde 2006, após a Copa do Mundo da Alemanha, e conviveu com inúmeros problemas de saúde. Nos últimos meses, as internações se tornaram mais recorrentes.
Viúvo desde 2012 de Alcina de Castro, Zagallo deixa quatro filhos: Maria Emilia de Castro Zagallo, Paulo Jorge de Castro Zagallo, Mário César Zagallo, Maria Cristina de Castro Zagallo.
Ainda menino, o alagoano criado na Tijuca e jogador das categorias de base do America, jogou no terreno onde seria construído o então maior estádio do mundo para a Copa do Mundo de 1950. Já com o Maracanã de pé, viu das arquibancadas, onde fazia a segurança como militar da Polícia do Exército, a traumática vitória do Uruguai sobre o Brasil na final. Era uma daquelas 200 mil pessoas testemunhas do Maracanazzo.
Na foto, Dorval recebe um chaveiro de ouro das mãos do presidente Passo, entre Garrincha, Zagallo e Paulinho — Foto: Agência O GLOBO
Não demorou muito para o estádio fazer parte constante da sua vida. Assim como a seleção brasileira. A “Formiguinha”, como era conhecido, teve participação ativa no meio-campo de Flamengo e Botafogo e da seleção bicampeã do mundo em 1958 e 1962. Já o “Velho Lobo” comandou títulos inesquecíveis tanto dos clubes quanto do Brasil.
Zagallo comanda o Flamengo no tricampeonato carioca sobre o Vasco, em 2001 — Foto: Hipólito Pereira
A passagem pelo Flamengo, como jogador, não foi tão emblemática. Mas lá estava ele no tricampeonato carioca dos anos 1950. A memória do rubro-negro, no entanto, está viva na final do Carioca de 2001. Enquanto Petkovic fazia o gol de falta que dava mais um tri estadual, Zagallo se agarrava à beira do campo com a imagem de Santo Antônio, de quem era devoto, e de onde vinha a superstição com o número 13: o dia do santo é 13 de junho.
Já no alvinegro, fez parte do momento mais glorioso do clube, ao lado de Didi, Garrincha e Nilton Santos. Bicampeão carioca dentro de campo, em 1961 e 1962, e comandante do primeiro título brasileiro do Botafogo, na então chamada Taça Brasil, em 1968. Zagallo também teve passagens por Fluminense e Vasco.