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Hoje, nos grandes centros brasileiros, mais de 100 pessoas a cada 100 mil habitantes têm doenças inflamatórias intestinais. A campanha Maio Roxo, que alerta sobre o problema neste mês, foi a temática da conversa com o médico gastroenterologista Walbert Batista no programa ‘Café com Notícias’ desta sexta-feira (3), na TV Assembleia.
A explicação para o aumento da ocorrência, segundo o especialista, está nos hábitos alimentares que a população vem adotando nos últimos anos.
“As doenças inflamatórias intestinais são representadas por duas entidades principais, que são a retocolite ulcerativa e a doença de Crohn. São doenças de países industrializados, a princípio, em que as pessoas têm hábitos alimentares de consumo de alimentos ultraprocessados. À medida que nós, países subdesenvolvidos, fomos adotando hábitos de vida americanizados, digamos assim, ou ocidentais, essa a frequência começou a aumentar”, observou.
O gastroenterologista Walbert Batista afirmou que até bebês já são acometidos por esse problema de saúde, em decorrência da má alimentação das mães. “Bebês de meses, menores de 2 anos, já começam a ter quadro de perda ponderal de diarreia crônica. E aí quando investigado pelo gastropediatra, a gente tem um diagnóstico de doença inflamatória intestinal”, relatou.
E complementou: “Aquela criança já tem uma predisposição genética muito forte, qualquer gatilho externo, inclusive relacionado, provavelmente, à dieta que a mãe teve, já altera a microbiota, ou seja, as bactérias, vírus, protozoários, que vivem no intestino da criança”.
Diante desse quadro de acometimento precoce, o médico alertou para a implementação de medidas preventivas nessa área. “Isso é que assusta. Por isso que a gente tenta sugerir políticas para que mais à frente a gente não tenha um caos instalado”, observou.
Problema de saúde pública
Walbert Batista assinalou que as doenças inflamatórias do intestino, que já foram raras, hoje são um problema de saúde pública. Também ressaltou que, a partir do diagnóstico, tanto os convênios médicos quanto o governo são obrigados a oferecer o tratamento.
“Nossa luta é exatamente para que a gente tenha cada vez mais acesso para que esse diagnóstico seja o mais precoce possível. Quanto mais precoce o diagnóstico e o início do tratamento, menor as chances desses pacientes evoluírem para complicações graves, com necessidade de cirurgia”, disse.
Sobre sintomas, ele afirmou que é preciso ficar atento em caso de dor abdominal recorrente, cólica que vai e volta e alterações de hábito intestinal, sobretudo, a diarreia.
“É possível que haja prisão de ventre, mas, na grande maioria dos pacientes, o intestino inflamado faz com que haja dificuldade na absorção, então solta, e eles têm diarreia crônica, que dura mais do que três a quatro semanas”, destacou.
Com apresentação da jornalista Elda Borges, o programa ‘Café com Notícias’ é exibido de segunda a sexta-feira, às 9h, na TV Assembleia (canal aberto digital 9.2; Maxx TV, canal17; e Sky, canal 309).