Provavelmente todo mundo se sente estressado em algum momento da vida. Não precisa de nenhum evento extraordinário. Às vezes, a simples dificuldade de equilibrar as demandas da vida pessoal com os compromissos de trabalho já é motivo de preocupação.
O Brasil é o país mais ansioso do mundo. Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam que cerca de 9,3% dos brasileiros sofrem de ansiedade patológica. Embora a ansiedade seja uma emoção necessária à nossa funcionalidade e sobrevivência como espécie, em exagero, ela se torna um transtorno, e altos níveis de estresse estão diretamente associados com isso.
Não é novidade que bons hábitos de vida, como a prática regular de atividade física, podem contribuir para a redução do estresse e da ansiedade. No entanto, pouco se fala do papel da alimentação na melhora e também na piora desse quadro.
— O estresse é uma resposta natural do organismo a uma situação de risco. Em muitos casos, ela é bem-vinda e necessária. O problema é quando ocorre em excesso. Diversas situações no dia a dia levam nosso corpo a um estado de estresse e a questão alimentar é uma delas — diz a nutróloga Marcella Garcez, diretora da Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN).
A endocrinologista Deborah Beranger enfatiza que, além dos alimentos em si, a associação entre como comemos e o estresse também passa pelos hábitos:
— Fazer as refeições sentado à mesa, em um ambiente calmo, comer com garfo e faca, mastigar devagar e olhar para o ambiente e não uma tela são ações que também ajudam a desacelerar e reduzir o estresse.
No que diz respeito a tipos de alimentos, existem aqueles que podem contribuir para o aumento do estresse e aqueles que ajudam em sua redução. Por exemplo, alimentos processados, ultraprocessados, ricos em açúcar, carboidratos refinados e gordura saturada, além das frituras por imersão, aumentam a inflamação do organismo de maneira geral e contribuem para o aumento do estresse.
— Dietas pobres em nutrientes e pró-inflamatórias podem causar a neuroinflamação, o que prejudica a produção de hormônios do bem-estar — pontua a nutricionista Priscilla Primi, colunista do Globo.
Por outro lado, uma alimentação balanceada, rica em frutas, vegetais, grãos integrais e gorduras boas tem um efeito positivo na redução do estresse e na saúde em geral.
— Existem alguns alimentos que têm vitaminas, minerais e aminoácidos que podem ajudar na produção de hormônios ligados ao bem-estar. Entendendo quais são esses nutrientes, buscamos na natureza alimentos que os fornecem para ajudar o organismo a produzi-los com mais eficiência — explica Primi.